quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Veni pulverem pulveri revertar!

Criatura desalmada sou eu, infortúnio de ações infundadas, mostarda e mel. Ao mesmo tempo que possui o peso de uma pluma desmorona como rochosas montanhas, amargo, azedo, espinho, lottus, mar, lagoa, luz, escuridão, assim caminho com milenares perguntas sem respostas, assim existo no escuro sem interruptor, assim desfruto de fugazes andares corrompidos por fracassos, assim sou quimera, assim sou balança, assim sou desequilíbrio. Fortifico-me em singelos devaneios do que serei, mal posso calcular um milimetro de andança, mal posso amarrar meus próprios cadarços, mal posso olhar ao lado, mal posso caminhar pelo mau, mal posso ser sempre operante em benevolência, mal posso rascunhar o que não quero ser. Palavras corruptas, formicas de flagelação, explosões intempestivas, arbitrariedade de desejo, catastrófica ventania em maléfico ser.
Criatura que se fortifica e se enfraquece com a distancia do que foi, o sentido que busca é totalmente sem embasamento, conhecimento chulo de superfulos coagulantes sentimentos, me pergunto se quando dilacero-me consigo ao menos encontrar meus cacos, meus flagelos e fibra. Culhões podres de errantes tentativas, posso viver, posso, posso, posso, posso, não não posso! Talvez poderia mas, cheque mate, chegou ao fim. Nem que seja o fim dessa etapa, mas chegou, só queria fechar os olhos e recobrar o que era, não consigo sozinha, o relógio vai contra mim, não consigo acertar o alvo, não consigo me permitir viver sem ventanias, não consigo lembrar de ti.



segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Roteiro

Ele correu como se não pudesse parar, examinou cada centímetro do local, rasgou parte de seu punho absorveu o sangue que escorria, recostou a cabeça na parede e chorou. Alimentava-se mais e mais de si, sofria em demasia pois perderá a dignidade de vida, comia a carne e rasgava o feto de ser. De cabeça recostada sentia o sangue escorregar por entre os dedos, pingava como torneira mal fechada, ou bica de água cristalina. Já agonizante, recobrou o sol em sua face em momento utópico, os pássaros, as festas, o beijo, o gosto, o desejo, a futura velha vida.
Mal podendo se equilibrar tentou caminhar um bocado por aquele muro imenso de pessoas, sim o caos estava estabelecido só restará um ser com pulsação em meio ao caos, arrastou-se ate a terra com as próprias mãos cavou, cavou, cavou fizera um buraco de um palmo, sem mais litúrgicas filosoficas, deitou-se e começou a cobrir-se com o manto da natureza, cobria pois sentia frio em sua alma. Mais um pouco, mais um pouco e em mortalha sepultura escreveu: "Aqui jás os fardos de minha vida utópica."

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Assalto

Na noite passada ocorreu um furacão aqui dentro, uma ventania violenta que movia todas coisas de lugar, batia em minha face folhas, pedras, areia, com tamanha velocidade que fazia com que não pudesse capturar cada pensamento. Um redemoinho imenso de falsas mudanças, uma brisa corrupta que levava de mim o que ainda possuía de pureza, tomava-se de mim, olhava ao redor e percebia o poder da natureza.
Aqui dentro ficou apenas um ar cheio de coisa alguma, um ar de notória insatisfação, rodava por dentre a minha cabeça, por dentro de meu corpo, um ar brisado de vazio,roubou de mim, sim me roubou tudo que ainda possuía. 
Ja havia notado que esse vazio era normal, já havia notado que não possuía muita coisa, mas levar tudo, como pode fazer isso com minha identidade, personalidade, me sinto desfigurada, não reconheço mais a mim. 
As arvores gemiam em desespero, gritavam para que aquele voraz vendaval se fosse, era inútil ele rasgava e dilacerava tudo que encontrava pelo caminho, inclusive eu.Me roubou fui lesada, me furtou. Levou de mim a falsa verdade de uma insignificante criatura, vou fazer boletim de ocorrência.