quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Mãe D'agua


"Ouvi o chamado, alguém me chamava ao longe, era uma suplica um som, algo inebriante, saí em tropeços ao encontro dessa voz, desse canto. A cada passo me aproximava mais do som, ao fundo meu coração batia forte, silenciava o mundo, não havia ninguém, caminhava compassadamente, olhava atentamente aos lados e o chamado se aproximava...
Olhei para o mar, as ondas vinham e iam, e o som vinha do mar, parecia um encontro marcado. O que é isso que me faz pedir clemência, me prostei de joelhos, era incontrolável, me tomava de uma felicidade angelical, um sentimento interino, o mar dançava, e eu ali em prece olhando para o céu e agradecendo por tal dádiva.
Toquei na areia, me distrai ao som do mar, um tecido branco, velas, fogo vermelho, uma oferenda ao mar, uma oferenda se formava, não acreditava, seria um sonho?
Deitei-me sobre o pano branco, toquei no fogo e o som cada vez mais forte, parecia reverberar em meu corpo, uma onda de arrepio, uma brisa de saudade rondara minha pele, recostei a cabeça no tecido, o fogo aumentava e o mar cantava, só pedia em prece... Toquei em minha pele , o mar a me espionar, tocou em meus seios, senti a maresia em uma só respiração.  Permaneci em fé, em gosto, em medo, em assovio, em ternura. O mar me chamava, me pedia, me ofertava, toquei meus joelhos no céu com as costas recostadas na areia, a parafina se esvaia, o fogo se cessava, a brisa era constante, as ondas cada vez quebravam mais próximas de meus pés, um frenesi corpóreo, um amor de alma. Fechei os olhos abri os braços e o mar me possuiu..."
Ainda estou de olhos cerrados e não pretendo abrir até que possa sentir essa clemência.