quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pegadas na Areia

Um farol ao longe, no alto do mar. Sentei em uma pedra.
Em ressaca o mar se debatia contra as rochas. Podia sentir uma nevasca de garoa.
Lá embaixo a areia fina e clara voava formando um pequeno tornado, o sol se pondo e a lua despontando.
Amantes caminhavam deixando pegadas na areia.
Estrelas cadentes caíam a todo o momento para os amantes declamarem seus pedidos.
As palavras de amor sopradas ao vento formavam uma pequena cerração.
O farol iluminava aquelas longínquas historias.
A lua mais alta e o sol adormecido presenciavam tais nostalgias.
Ao longe no mar, iluminado pelo farol, uma asa batia em movimento. Voava alto. E eu observava.
Cada vez mais próximo, os amantes nem notavam, o feche de luz iluminava a liberdade.
Sentou ao meu lado me olhou, pude sentir sua pele, encostou sua cabeça em meus ombros.
Não podia conter minhas lagrimas, lá embaixo os amantes com falsas juras de amor.
E aqui em cima o amor acontecendo. Beijou minha face, olhou em meus olhos e voou mais alto.
Levando o verdadeiro amor debaixo de chuva.



All Star

Primeiro dia de aula, caderno na mão e uma caneta por entre os dentes.
Ajeitei os cabelos e caminhei em direção a minha sala.
Sentei-me, olhava pela janela, sala vazia, chegará cedo. No batente da porta vários palavrões, gírias e despudores. As carteiras todas pixadas.
Jeans desbotado, cabelo bagunçado, camisa branca, braços fortes, all star.
Senti um leve frio na barriga, ao fundo as canções de movimentos infantilizados de juventude.
Mochila no chão apanhou uma folha de caderno, destacou-a e me mostrou.
Na folha estava escrito aula de biologia é um saco. Sorri.
Não conseguia deixar de te olhar, disfarçava.
Bateu o sinal. Desci as escadas.
Muita gente, muitos gritos e seu cheiro.
Encostei-me ao corrimão e te dei passagem, me olhou, pegou em minha mão e saiu me arrastando.
Levou-me pra uma sala cheia de mesas e carteiras quebradas, me olhou, encostou-me contra a parede, tocou em meus seios, beijou minha boca, me apertava contra os seios.
Mordeu meus lábios, escorregou por entre minhas pernas e sentia.
Me pós de costas ergueu minha blusa e beijou minhas costas, olhava pra baixo, com a cabeça encostada na parede podia sentir o sentido biológico de viver.
Respirávamos fundo, só conseguia ver o seu all star vermelho.
Chegamos ao fim, totalmente sem cadarços.



Rua Augusta

Andava pelas ruas, sentia a brisa da noite.
Sentia a brisa a me embalar, noite iluminada pelos faróis, muito movimento.
Salto alto, pele negra, olhos negros, meia calça, saia curta, lábios vermelhos, cabelos negros, decote.
Parei. Olhava de longe, o caminhar.
Sentei-me no parapeito e fiquei a observar, um carro, debruçou, empinou os glúteos, gritou.
Passava a mão por entre os fios de cabelo.
Meia decorada, com o vermelho da paixão.Vento frio e pouca roupa.
Mais um carro, nem parou.
Ascendeu um cigarro e tragou algo líquido. Lambeu os lábios e mordeu a língua.
Em tormento observava, sentia algo endurecer por debaixo da minha calça.
Cabelo cacheado de fios fortes. Pendurou-se no parapeito da ponte, subiu delicadamente a brutal liga. Ajeitou os sapatos e baixou mais a blusa, pulsação saliente cada vez mais rápido.
Farol alto, de luxo, tração nas quatro rodas, vidro elétrico, som alto.
Partiu e me deixou de membros imponentes.