domingo, 17 de julho de 2011

Lies

         Descendo as escadarias, luz vermelha de contra, scarpan, fogo a frente se alastrando, cruzo a cortina de fumaça, continuo a descer os degraus, a longitude da eternidade, anjos em coro descrevem a descrença de um pobre mortal que caminha em derradeira descida por entre os degraus do fim. Um grito longo frio e prolongado, recobra a vivacidade do ser, regride mais degraus, de contra uma chama avermelhada se alastrando.
De fronte aos anjos em sinfonia, torna a ter de contra uma luz avermelhada, degraus por degraus, atravessa a chama e se vê queimar em penumbra avermelhada de calor. A trilha sonora de sua vida toca com furor e em coro os anjos profanam contra tamanha devassidade de ar. 
Degraus, muitos degraus, finalizando uma simplória passagem de tempo, de redenção. Se prostra de frente a si, implorando ao menos aflição e em inercia os degraus continuam sendo contados, a luz já não pode mais ilumina-los somente a chama, somente o fogo que outrora morrera dentro do oco.
Pirofagias a parte, negro como o céu ele caminha em sua direção, que ainda sim não hesita, nem esboça reação apenas continua sua jornada, como se houvesse marcado tal encontro. Se apossa de seus longos e negros cabelos, invade seu amago, se masturba em nojo, domina sua mente e te rende em meio as chamas, as luzes, os anjos, nos degraus. Sussurra em seu ouvido uma fúnebre mensagem, os anjos se calam em tamanha intriga, e escutam a mensagem, redenção, apenas o sentimento de furor no momento exato de perda.
Em coro, malditos seres sem sexo, cantam, cantam. Ele se recolhe, volta pras chamas em furor. Os degraus se findam, olha para trás e o deus de guerra interna finda sua encenação. Volta a ser mortal. Novo sussurrar dos anjos, ultimo suspiro e separação.
Os aplausos e  fim da narrativa.

Don't Tell Me

       Sol nascente, luz amarelada incumbida de gerar demasiado calor. Rio corrente, folhas sobre a água, caminhar trotado. De Frente a um pequenino espelho, cabelos lisos amarrados por um elástico de dinheiro, olhar distante, cansado, calça desbotada, camisa abotoada, botas courada e por fim fivela enferrujada.
De arreio em mãos, caminhava, trotava pela margem. Parada, lava-se o rosto, arreia o animal e parte em constante galope. Todo dia um pouso diferente, uma taverna pulguenta e mulheres afugentadas de seus vassalos cavaleiros. Seios fartos, ancas largas e sombra rosa em seus lábios. Castigo seria? 
Noites e dias a mesma estapafúrdia rotina e vazio. Todo o caminhar bruto, força bruta, escondem um olhar cansado, mas profundo. Margem do rio, higiene pessoal, na água um reflexo incomum, uma criatura, forte, bruta, observara, botas, calça escura, fivela dourada, cabelos negros, tomou um gole d'água se levantou lentamente e se atracou em um beijo profundo de touro.
Em galope férreo, os dois animais se lambiam, se beijavam, se apertavam, com demasia intensidade, trotavam por entre gramados cobertos pela cerração de noite absurdamente fria e ali prostrados em calor refrigeravam, com tal grau, cada toque quadrupede. 
Por de trás de uma arvore, um cano comprido e longo de olhar atento, sem piscar regurgita metálico objeto e abate os animais.