terça-feira, 7 de setembro de 2010

Paris

Noite fria mal podia aquecer meus pés, ardia à friagem como fel.
Levantei-me apanhei uma muda de roupa e vesti. O meu estado desnudo não me satisfazia. Coloquei uma toca, um agasalho, calça de lã, sapato de bico fino e resolvi sair.
Nas ruas o vento percorria todo o espaço como se fosse pedestre e veículos, a cidade toda iluminada. Olhava de um lado pro outro e não via uma alma viva.
Cheguei à porta de um museu, olhava as obras da vidraça e fertilizava meu espírito. Caminhava e dançava com os postes. O meu companheiro vento soprava cada vez mais voraz. Um sopro tão forte em minha nuca me fez viajar ao além, abri os braços e me entreguei à fria paixão.
Estava frio, pensava só em coisas quentes. Chocolate quente, um café, sopas, caldos, sauna, cobertor e você!
Deitei-me num banco de uma praça iluminada, o vento parecia me levar e me trazer até a lembrança. Fechava os olhos com força e não podia conter o cheiro que entrava por minha narina. A lembrança era tão quente, não poderia conter suas mãos que teimavam e deslizar pelo meu corpo.
Olhava-te nos olhos ao som do vento, me despia com o olhar, me beijava ardentemente, se esfregava em mim, roçava em minhas coxas, apertava meus seios, mordia minha boca, lambia faces do avesso, cheirava meus cabelos, gemia em meu ouvido, apertava-me com muita força, olhava pro lado e sorria cada vez mais quente, cada vez mais suor, muito vento.
Sentávamos, levantávamos, deitávamos, ardíamos, queimávamos e o sol ardia como o sol do meio dia. A lua apenas observava tal sensação de calor com sua forma fria e estática.
Amava-nos, sentia cada vez mais você percorrer por dentro de mim, furor, delicadeza, demência, decência, excitação.
Simplicidade de toque, o ápice acontecia com tal força que nos deixava de pernas bambas, se apertou em minhas coxas, beijou minha boca entramos em osmose, puramente química quente. Escorríamos de suor e gozo.
O vento refrescava nossas faces, as luzes foram se apagando, a lua tímida se escondendo e o sol brilhando. No momento exato fechei os olhos.
Ao abri-lo estava nua no banco de uma praça com o sol a pino. As pessoas me olhavam, me levantei repleta de satisfação, apanhei minhas roupas, sorri e fui embora.



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