segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Cheiro do Ralo

Não conseguia dormir. Emergia e Submergia algo que me inebriava.
Gerava-me imenso incomodo.
Parecia circular por todos os cômodos, tratava-se de uma onda escura, negra.
Soltava meu corpo por entre os lençóis e instantaneamente fechava a "fuça".
De bruços sufocava-me, de lado abafava-me, pés apontados para o céu e braços a angulo de 90°.
Flexionava as pernas, reter, com muita força meus membros, fugia daquele odor.
Parecia que havia habitado com os corvos. Carniça pura, carne podre.
Debatia-me, podia escutar o escoamento de algo líquido, talvez fosse o limbo de minha face demarcada.
Apertava-me e sufocava-me sem ar. Suspirava fundo, inspirava e aspirava pela grande mordaça.
Prendia a respiração por segundos e baforava no ar. Afagava-me por debaixo da coberta, contraia-me e nada fazia parar tal cheiro ou fedor.
Os olhos marejados por um líquido seboso ardiam-me a ponta das narinas.
A garganta já estava embargada não conseguia me concentrar precisava respirar para isso.
Por horas permaneci esfregando-me contra os lençóis e a coberta. Em pausado ressonar de ar.
Puxava o mínimo de ar por entre minhas narinas, como se fosse um rato a farejas comida, incisivamente contraia em intervalos de segundos.
Movi meus pés para o chão ascendi à luz e comecei a farejar como um animal por sua presa, suspirava e prendia o ar com toda a força, abria minha fronte como se rasgasse todo o ar.
Movia-me mais de pressa quando sentia a aproximação do fedor.
Em minha fronte parecia ter um buraco imenso para entrada e saída de ar.
Cheguei próximo a latrina e encontrei minha presa.
Que odor desgraçado vinha de tal.
Aproximei-me abordei meus dejetos, levantei os braços ferozmente e puxei a descarga.
Suspirei fundo e fui dormir.