sábado, 2 de abril de 2011

Lacuna

Sentei em um banco, numa praça e te esperei, te esperei por horas... Ali sentada o tempo parecia não passar, a esperança subjetiva do teu olhar me deixava à espreita.


O vendaval de folhas secas sobrevoava o céu, parecia até outono.


A cada som produzido meu coração gelava... A todo tempo ouvia teus passos.


Minha memória primária estava em busca do teu cheiro, passava a vasculhar as lembranças para lhe ver.


A ansiedade me cercava, num certame de esfera extrema.


Olhava teus olhos, como se fosse à última vez que pudesse decifrá-los, olhos negros profundos de noite enluarada.


As suas mãos entrelaçadas a minha, paradoxalmente me mantinha anestesiada.


Melanina UV, misturada ao cheiro do meu cigarro, fios grossos de cordas instrumentais.


Pele fina, sensação de seda. Maciez perfumada, que se perde em minhas mãos pequenas e secas.


Por um momento você estaria ali, na minha frente fazendo juras de amor e de excitação. Olhando em meus olhos e eu nos teus...


Parecia atraidamente feito imã meu corpo do seu, como se encaixassem numa só nota ou acorde.


Nesse momento a emoção se torna choro...


E você, você realmente apareceu, não era sonho...


Mas, um dia ainda pode ser...

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse texto dá a sensação de que eu estava escondida atrás de uma moita vendo a espera!!! Esperar algo, ou alguém sem ter a certeza do que vai acontecer, é perturbador!!! Faz um mini filme desse texto? *-* rsrsrsrs