Meu coração bate em meio a um
cercado de arame farpado, a pressão arterial é tanta que acontece um expurgo
sanguíneo das feridas coaguladas. Bate na boca o gosto do medo, escorre pelos
tecidos a insegurança.
Oh, bela máquina de
desintoxicação supérflua, máquina que produz em si o medo, repete medo, medo,
medo, batendo ao som de medo, de falha de medo.
Os olhos de condenação, os olhos
de repressão, solta fagulhas de fracasso, abre-se ao redor com mágoa, o beijo
da face angustiosa, quanto sangue, quanto medo, a terrível lembrança do afago,
do amor, da respiração livre...
A liberdade que se torna um
alcatraz, imensas grades, latrinas sujas, fedor de morte, comida como pus,
alimentos alienado e solitário vazio da mente criminosa. Não, não há crime, somente
um mero artifício para se sentir, ou justificar, o líquido fidentino de cor
escura que escorre por entre as vias arteriais, o sangue do bem misturado ao
tóxico do mal, venoso.
O coração range silenciosamente,
o sangue já está rarefeito, o cérebro da máquina não coordena mais o raciocínio,
a lógica vira ficção, transforma-se num cenário de Hitch Cock formando a Red House em Black, num envoltório de fumaça sempre muito utilizada pelo mestre das
grandes telas.
A máquina que trabalha
incansavelmente pelo torpe do Trash, a estrutura montada por inoxidáveis aços
interligados ao sangue reintegrando os medos em sua prisão, o alcatraz do
espelho, a cerca de arame farpado que lhe envolve estilhaçando suas entranhas e
lhe tornando prisioneiro dentro de um roteiro.
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