terça-feira, 30 de junho de 2009

Minha Terra tem Palmeiras onde canta o Sabiá...

Minha Terra tem Palmeiras onde canta o Sabiá,
As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá!

A cortina de fumaça cinza que se forma no céu, escurece minha alma me aprisionando num breu total, chega até a janela... Já é dia encosto minha cabeça no vidro e de lá consigo chegar ao limbo do meu próprio eu. Das alturas de uma moldura de madeira velha corroída pelo cupim e apodrecida da chuva que todas as tardes insiste em cair, caí em forma de gotículas ácidas das minhas lágrimas que evaporam.
Desta janela podre, consigo ver as pessoas de forma minúscula como se fossem insetos que andam pra lá e pra cá, me parecem que fazem sempre o mesmo percurso mais me confundo na imensidão de tantos insetos.
Parecem-me insetos fortes, que querem carregar o mundo em suas costas.
A direita da janela consigo ver um viaduto, grande, com estruturas enormes de concreto que serve de abrigo para alguns insetos, por cima desse viaduto posso ver o ir e vir desses insetos, me parece que eles correm contra o tempo, se alimentam das poucas migalhas que jogo da minha enorme janela...
Só nessas horas que estou parado de fronte a janela, já vi muitos desses insetos morrerem... Sinto-me atônito mediante a tanto movimento, a grande minhoca de ferro é abarrotada de insetos, os levam para lá e para cá, me parece não ter fim, a cada estação, a cada parada inúmeros seres minúsculos desembarcam... Queria ao menos em meio tanto barulho poder escutar a minha respiração... Mas, não consigo psiuuuuuuu... pisiiiiiu....Não adianta....Psiuu! Lá se vai outra vez à minhoca abarrotada... Em minutos ela voltará da mesma forma...
Eles se esbarram como se não se vissem, está tão frio, aposto que ninguém percebeu o vento frio que está hoje... As luzes que piscam!Só essas luzes conseguem fazer esses insetos pararem...
A fumaça do meu cigarro ajuda a poluir a mente deles... Parem... Parem... Por favor, parem... Parem...
Tapo meus ouvidos e fecho meus olhos cantando uma canção... ”Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá... Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá. Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá... Não gorjeia como lá!” Psiuuu... Silêncio. Parem. Parem...
Por um momento achei que tivesse ouvido um pássaro cantar... Não... Como sempre fruto da minha imaginação!Quando olhei novamente lá vinha à minhoca de ferro, as luzes continuavam a piscar, e os insetos?...Ah os insetos continuavam a carregar suas migalhas... Indo e vindo sem parar...
Psiu. Ta ouvindo? É a chuva... A chuva... A enxurrada carrega mais uma vez os insetos!
Nossa... Parecem-me que as luzes estão mais fortes, não consigo vê-los mais...
O breu, o meu breu voltou... Já é noite!
Silenciou tudo... Que estranho... Acho que foram dormir!Insetos também dormem?
Ah não, não há silêncio... Apenas a minha janela que se fechará!

Um comentário:

Fernanda Spinosa disse...

primeiro pq vc escreve bem, e humilha uaheuaeuhae segundo pq acho q ao mesmo tempo somos os dois lados, o de dentro da janela mas o de fora tbm...uma coisa meio q "carapuça q serviu" sabe..incrível o que faz com as palavras!