quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nana neném mascarado

Silencio, ande na ponta dos pés, não respire tão fundo, cuidado com as juntas que estalam, não retenha tanto a musculatura, psiu, cuidado, vire a esquerda, apoie na parede ao lado direito, respire fundo, obedeça as regras do silêncio, pare, descanse, engula saliva devagar em pequenas quantidades, continue a caminhar, se estiver de sapatos os retire, cuidado com o tapete, você não irá querer escorregar, vagarosamente contando os passos caminhe, não pense em sons ensurdecedores, cautela, você está chegando, gire a maçaneta, num angulo de 180°, depois empurre a porta devagar, gire novamente a maçaneta em 180°, abra totalmente a porta, caminhe em direção ao leito, devagar, com calma, cuidado com os sons emitidos pelo seu corpo, devagar, cautela, se sente minuciosamente na beira do leito, vire o corpo em 90° , estique as pernas, recline a coluna até encosta-la na maciez do tecido, respire fundo solando o ar aos poucos, feche os olhos, encruze as mãos e confessa para si mesmo que você está morto em charlatanismo.


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Salutar

Um vazio cheio preenche minhas estranhas, desapego de mim, desapego da vida, vagarei em busca de um enchimento verdadeiro, as fortes ventanias se cessaram, os anjos e arcanjos me forçaram a olhar intrinsecamente minha assombração, a cada quimera de mim fortifico minha muralha e busco a brisa matutina em minha face. Carcaça preenchida de satisfação, dessa alma corrupta. 
Não sei ao certo balancear tantas informações, sei que a fagulha descrita em devaneios sonhos aumentara. O vestígios que sobrara são vestígios fortificados pelas sangrentas batalhas, a escuridão vem dando espaço a fagulhas luminosas que outrora modifica os grãos mastigados por morcegos e criaturas sombrias.
Minha sombra acordou diferente nessa manhã, acordou mais real, antes era embaçada e disfórmica. E hoje possuí forma, modelo e vertência de tamanho. Possuí um preenchimento vazio, seria talvez a brisa ocupando seu espaço novamente? Ou será que esse ser possuí coração?
Os questionamentos são vãos, só consigo atentar para esse lugar diferente em que me encontro.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Assombraçao

Maldito seja os meus utópicos momentos vividos, maldito seja toda a "merda" que construo, maldito seja, os subterfujo que arranjo para essa vida medíocre, maldito seja, a falta de oportunidade que em oportuno momento desperdiço feito cão mal amado de rancores, maldito seja, tudo que crio ainda que não posso procria-lo, maldito seja, a insegurança que escorre por entre meus ralos e minúsculos dedos já que não sirvo para essa vida, maldito seja, o corpo podre e mente vazia que adquiri, maldito seja, tudo aquilo que planto e não consigo colher, maldito seja, a existência humana já que supérflua é a minha, maldito seja, o desarme que vira e volta eu monto para o que realmente queria fazer, maldito seja, toda minha falta de jogo de cintura para o que não me apete-se, maldito seja, toda falta de amor!  

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Arcanjo

Te encontrei na noite passada, não sabia que eras tao belo, tao límpido, tao iluminado. Andava por entre os caminhos torpes e desfrutava com intensa voracidade de meus olhos, de minha pele, de minha saliva, olhava com ternura minhas preces, tocava em meus medos como se os roubasse, os tirasses pela efémera raiz, nocauteava minhas angustias e dilacerava minha misericórdia em perdão!Sim, eu o desfrutava, como se pousasse em dia ensolarado gigantesca borboleta colorida em meus dedos, batia asas vagarosamente, me espionava, me expunha como se me conhece-se a anos, não conseguia somente ler meus pensamentos, mas os realizava, como pura magia utópica discernia eu.
Lentamente mostrava o poder da mente, o poder do casulo que se transforma em catastrófica beleza com asas, que causa o desequilíbrio de outrora. Água límpida, água viva, boiava, submergia, raciocinava com tal logica que me deixava atônita, pasma, como se eu tivesse nascido com aquele suposto dom, o de ver, o de escrever meu destino, o de desfrutar a beleza do ser angelical. Viajava por entre devaneios tolos, subia e descia oceanos de vaidades, mas sabia que dali nasceria uma nova e fugaz ninfeta.



quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Veni pulverem pulveri revertar!

Criatura desalmada sou eu, infortúnio de ações infundadas, mostarda e mel. Ao mesmo tempo que possui o peso de uma pluma desmorona como rochosas montanhas, amargo, azedo, espinho, lottus, mar, lagoa, luz, escuridão, assim caminho com milenares perguntas sem respostas, assim existo no escuro sem interruptor, assim desfruto de fugazes andares corrompidos por fracassos, assim sou quimera, assim sou balança, assim sou desequilíbrio. Fortifico-me em singelos devaneios do que serei, mal posso calcular um milimetro de andança, mal posso amarrar meus próprios cadarços, mal posso olhar ao lado, mal posso caminhar pelo mau, mal posso ser sempre operante em benevolência, mal posso rascunhar o que não quero ser. Palavras corruptas, formicas de flagelação, explosões intempestivas, arbitrariedade de desejo, catastrófica ventania em maléfico ser.
Criatura que se fortifica e se enfraquece com a distancia do que foi, o sentido que busca é totalmente sem embasamento, conhecimento chulo de superfulos coagulantes sentimentos, me pergunto se quando dilacero-me consigo ao menos encontrar meus cacos, meus flagelos e fibra. Culhões podres de errantes tentativas, posso viver, posso, posso, posso, posso, não não posso! Talvez poderia mas, cheque mate, chegou ao fim. Nem que seja o fim dessa etapa, mas chegou, só queria fechar os olhos e recobrar o que era, não consigo sozinha, o relógio vai contra mim, não consigo acertar o alvo, não consigo me permitir viver sem ventanias, não consigo lembrar de ti.



segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Roteiro

Ele correu como se não pudesse parar, examinou cada centímetro do local, rasgou parte de seu punho absorveu o sangue que escorria, recostou a cabeça na parede e chorou. Alimentava-se mais e mais de si, sofria em demasia pois perderá a dignidade de vida, comia a carne e rasgava o feto de ser. De cabeça recostada sentia o sangue escorregar por entre os dedos, pingava como torneira mal fechada, ou bica de água cristalina. Já agonizante, recobrou o sol em sua face em momento utópico, os pássaros, as festas, o beijo, o gosto, o desejo, a futura velha vida.
Mal podendo se equilibrar tentou caminhar um bocado por aquele muro imenso de pessoas, sim o caos estava estabelecido só restará um ser com pulsação em meio ao caos, arrastou-se ate a terra com as próprias mãos cavou, cavou, cavou fizera um buraco de um palmo, sem mais litúrgicas filosoficas, deitou-se e começou a cobrir-se com o manto da natureza, cobria pois sentia frio em sua alma. Mais um pouco, mais um pouco e em mortalha sepultura escreveu: "Aqui jás os fardos de minha vida utópica."

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Assalto

Na noite passada ocorreu um furacão aqui dentro, uma ventania violenta que movia todas coisas de lugar, batia em minha face folhas, pedras, areia, com tamanha velocidade que fazia com que não pudesse capturar cada pensamento. Um redemoinho imenso de falsas mudanças, uma brisa corrupta que levava de mim o que ainda possuía de pureza, tomava-se de mim, olhava ao redor e percebia o poder da natureza.
Aqui dentro ficou apenas um ar cheio de coisa alguma, um ar de notória insatisfação, rodava por dentre a minha cabeça, por dentro de meu corpo, um ar brisado de vazio,roubou de mim, sim me roubou tudo que ainda possuía. 
Ja havia notado que esse vazio era normal, já havia notado que não possuía muita coisa, mas levar tudo, como pode fazer isso com minha identidade, personalidade, me sinto desfigurada, não reconheço mais a mim. 
As arvores gemiam em desespero, gritavam para que aquele voraz vendaval se fosse, era inútil ele rasgava e dilacerava tudo que encontrava pelo caminho, inclusive eu.Me roubou fui lesada, me furtou. Levou de mim a falsa verdade de uma insignificante criatura, vou fazer boletim de ocorrência.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Again

Emaranhado de mãos, mãos tremulas que querem lhe tocar com intensa voracidade. Pegar-te, deitar-te sob o céu e amar-te como jamais fizera. Sonho, verdade ou utopia. Em pensamento lhe possuo, sinto seu cheiro, você caminha por entre o campo como se fosse um filme, sorri por entre os alecrins e me olha, com esses olhos de ressaca. Meus olhos alcançam os teus, nos envolvemos em um longo beijo molhado, minhas mão escorregam por suas costas, lhe inclinando a escorregar pelo meu corpo, lhe deito em meio ao cheiros e gostos. Escorre por mim demasia intensidade, nossos olhos não cansam de se olhar, entrelaço meus dedos com os teus, apertando as pontas em euforia, aguçando o tato, minhas mãos percorrem suas curvas acentuadas, seus cabelos negros escorregam por sua pele lhe causando arrepios e frenesi. Nossos corpos vão se aproximando cada vez mais, as pernas se entre laçam e somos envolvimentos pelo toque dos alecrins... Em tamanha excitação nos tornamos um só e agora você não sairá mais de mim...É, tudo que necessito agora é de um banho gelado.


Hoje, 28 de Setembro de 2011, quinta-feira, às 21h.

Estação de Trem, sentada a um banco de costas para os trilhos, não favorecendo os pensamentos suicidas.O Relógio marca 15h e 32m, observo o andar apressado das pessoas, a vagareza de outros, as risadas de alguns, as faces amarradas de milhares.
O trem para, as pessoas desembarcam, outros embarcam e o trem continua. Em alguns momentos tenho a leve impressão de que a penumbra de minha mente me estagna naquele assento, os relógios e os trens podem caminhar e passar da forma intermitente que desejarem, não irei me mover.
Acho tão belo que as formigas consigam viver em colonias, porque nós não consigamos? Talvez se o ser humano não tivesse senso crítico e personalidade seria mais fácil, de que importa esse assunto que inicio, minhas palavras estão tão confusa quanto a minha mente.São tantos devaneios, como é possível um ser humano ser tão concreto e tão utópico como esse?Não tem como descrever tamanha podridão de muralhas, de preconceitos, de medos, de amarras que o tempo me proporcionou. 16h é o que marca o imenso relógio da estação. Pra fora da estação vejo uma outra multidão, mutilada pelo tempo. O Tempo é o Sr. de tudo uma balela, o tempo é a coisa mais ingrata que um ser humano pode ter, com o tempo você cresce, amadurece, modifica, envelhece, que graça tem ver as coisas passarem, passarem e passarem por você. Qual o sentido da vida se o tempo te dá e ele mesmo te toma.Qual a gratificação que temos nisso, você perdeu por que perder faz parte, não é? O tempo muda tudo, dá tempo ao tempo.Quando criança o tempo parece ser tão bom, nos permite mais horas, pois aquilo não conhecemos, então parece que aproveitamos ou  relaxamos, você nasce com alguém lhe trocando as fraldas e pode morrer com alguém lhe trocando as fraldas. Sabe o por que de tudo isso, O BELO E BOM TEMPO.
Com tanta balela e literatura pobre, nem percebi que estava a beira dos trilhos.
Hoje, 28 de Setembro de 2011, quinta-feira, às 21h.

domingo, 11 de setembro de 2011

Santidade

De fronte ao livro sagrado, de joelhos em grão, prostrados, descrença da chama, em nome "dele". Lençóis acinzentados, colchão de espuma fria, cabine de grade, passava horas na mesma posição, horas de murmúreos, tocos de parafina por toda a grade, suor, batina e sangue.
Os joelhos nos grão, parafina em ardência escorrendo por sua pele branca entre os pelos do peito, colarinho ao chão, simbolismo e ritualismo de subversiva glória. Apanha o coro curtido em sol, aponta-o a cima de sua cabeça, estrila os ganchos pontiagudos, em voraz movimento e canto se surra. 
A carne se esfarrapa por entre o couro de sua voz, água benta escorre por seu corpo, mas um golpe, mutila-se como carne de segunda, a chama balança no pulsar de Gregório " Ó Pai, amai-vos e respeitai-vos, ensinai-vos que não a canto sem dor, nem glória sem ardor."
Em sua carne a marca do sagrado, mutila-se e arranca a carne do pecado em golpes de fanatismo. Descansa sobre a tina e cura suas feridas com seu próprio sangue, levanta-se com dificuldade e atira-se na tina de fé em nome "dele". 





terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cimento e Cal

Apoiado em um muro cru em cimento, uma vertigem afoitando o amago. Cabeça recostada em um mini pedregulho pontiagudo, acochando os pensamentos e dilatando minhas pupilas. Cabelos lambidos e escorridos como água fria, mãos tenes, frias e suadas. Vestimenta precária, sapatos com boca de anfíbio alargadas pela jornadas severa de faixas intermitentes.
Recostado, passante comum. De memória curta, sem armazenamento suficiente para tamanha amargura e contrarrupturas de laços. Severo olhar que observa o vazio de sua própria mente, não consegue ter lembranças, sensações, nem ao menos aflições da escuridão. Sua mente é corroída por pedregulhos arenosos como sua pele. 
Busca formas de se criar cicatrizes as imensas feridas, coaguladas, nos coágulos muitos mosquitos, presos em um sangue morto, fedentino.  
O tempo cruel de um verão a pino entrelaça suas mazelas e maresias. Vira-se de costa e esfrega vagarosamente sua face nos pedregulhos do muro mal acabado, raspa sua pele como se banha-se em água corrente todas as suas características, vivencias, formas, sentimentos e sentidos. Lava-se sem pudor todo o corpo em meio as frestas de reboco, as pupilas lacrimejam as gotículas de sangue que escorrem por entre sua face. Depila-se com voracidade, customiza seus traços, lavando também o muro com seu sangue, estende as mãos em palmas, a escorrega devaneando e trocando as digitais.
As pupilas aos poucos vão voltando ao normal, ascende um cigarro, rasga as barras das calças e nasce um novo ser, pronto pra ser dilacerando nos muros novamente.



domingo, 17 de julho de 2011

Lies

         Descendo as escadarias, luz vermelha de contra, scarpan, fogo a frente se alastrando, cruzo a cortina de fumaça, continuo a descer os degraus, a longitude da eternidade, anjos em coro descrevem a descrença de um pobre mortal que caminha em derradeira descida por entre os degraus do fim. Um grito longo frio e prolongado, recobra a vivacidade do ser, regride mais degraus, de contra uma chama avermelhada se alastrando.
De fronte aos anjos em sinfonia, torna a ter de contra uma luz avermelhada, degraus por degraus, atravessa a chama e se vê queimar em penumbra avermelhada de calor. A trilha sonora de sua vida toca com furor e em coro os anjos profanam contra tamanha devassidade de ar. 
Degraus, muitos degraus, finalizando uma simplória passagem de tempo, de redenção. Se prostra de frente a si, implorando ao menos aflição e em inercia os degraus continuam sendo contados, a luz já não pode mais ilumina-los somente a chama, somente o fogo que outrora morrera dentro do oco.
Pirofagias a parte, negro como o céu ele caminha em sua direção, que ainda sim não hesita, nem esboça reação apenas continua sua jornada, como se houvesse marcado tal encontro. Se apossa de seus longos e negros cabelos, invade seu amago, se masturba em nojo, domina sua mente e te rende em meio as chamas, as luzes, os anjos, nos degraus. Sussurra em seu ouvido uma fúnebre mensagem, os anjos se calam em tamanha intriga, e escutam a mensagem, redenção, apenas o sentimento de furor no momento exato de perda.
Em coro, malditos seres sem sexo, cantam, cantam. Ele se recolhe, volta pras chamas em furor. Os degraus se findam, olha para trás e o deus de guerra interna finda sua encenação. Volta a ser mortal. Novo sussurrar dos anjos, ultimo suspiro e separação.
Os aplausos e  fim da narrativa.

Don't Tell Me

       Sol nascente, luz amarelada incumbida de gerar demasiado calor. Rio corrente, folhas sobre a água, caminhar trotado. De Frente a um pequenino espelho, cabelos lisos amarrados por um elástico de dinheiro, olhar distante, cansado, calça desbotada, camisa abotoada, botas courada e por fim fivela enferrujada.
De arreio em mãos, caminhava, trotava pela margem. Parada, lava-se o rosto, arreia o animal e parte em constante galope. Todo dia um pouso diferente, uma taverna pulguenta e mulheres afugentadas de seus vassalos cavaleiros. Seios fartos, ancas largas e sombra rosa em seus lábios. Castigo seria? 
Noites e dias a mesma estapafúrdia rotina e vazio. Todo o caminhar bruto, força bruta, escondem um olhar cansado, mas profundo. Margem do rio, higiene pessoal, na água um reflexo incomum, uma criatura, forte, bruta, observara, botas, calça escura, fivela dourada, cabelos negros, tomou um gole d'água se levantou lentamente e se atracou em um beijo profundo de touro.
Em galope férreo, os dois animais se lambiam, se beijavam, se apertavam, com demasia intensidade, trotavam por entre gramados cobertos pela cerração de noite absurdamente fria e ali prostrados em calor refrigeravam, com tal grau, cada toque quadrupede. 
Por de trás de uma arvore, um cano comprido e longo de olhar atento, sem piscar regurgita metálico objeto e abate os animais.    

sábado, 4 de junho de 2011

Piquenique

Tarde de Sol, toalha quadriculada, frutas, vinho, folhas secas e calor. Um brinde a vida! Música de saudade, lembrança dos velhos e bons tempos. Salutava em te olhar, você como sempre sorridente, encantador, inebriante, me contava coisas que nem conseguia ouvir, seus olhos me tiravam a atenção. Que lábios são esses que se perderam, em qual época isso aconteceu, mãos frias, aproximou-se, entrelaçou seus dedos aos meus, me perguntou se sentia saudade. Por um momento achei que devia dizer a verdade, mas, como sempre sorri e disse sua companhia era importante!Os lábios se enrijeceram em uma piscada mostrou sua reprovação, mais vinho. Mais beijo molhado de saudade, lembrança.
Passei minhas mãos por entre a grama verde, a outra buscava um cacho de uva, me interrompeu. Burlou-me com seus olhos e lentamente colocou uma uva em minha boca, em demasia demora, eu ali esperava sedenta. Percorria por mim uma estadia felicidade, me dissera que em volto aos meus olhos parecia haver plumas, sorri.
O Sol de verão aquecia minha pele e me corava a todo tempo. Timidez sempre timidez, ou seria Sol. Vinho, gosto seco, olhos quentes, pele delicada. A tarde ia se findando, o sol se pondo e nós em pleno fuso horário.
Disse-me que sentia saudades, eu também sinto, o interpelei, mas sabe qual é a sua maior reprovação, ele disse. Respondi que não sabia, respondeu, não ter sido feliz! Talvez em supérflua situação fosse feliz, momentos felizes, felicidade plena não existe dizer que o amor nos faz imensos a ponto de colocar asas em pobre mortais é real, mas dizer que se pode viver um amor pra sempre, só em primavera musical.
Desapontou-me, me irritou, regurgitei as palavras em ásperas lembranças rancorosas. Os olhos se distanciaram o vinho, o sol, a pele, as frutas, a toalha, as lembranças, nos machucamos outra vez, nos ferimos com veracidade, qualquer verossimilhança é coincidência. Em fúria levantou-se e partiu. Deixou-me plantada, com todos os nossos sonhos e lembranças, mais uma vez. Só que dessa vez não deixou fagulhas, apenas a foto de outro alguém em minha toalha


segunda-feira, 16 de maio de 2011

100°C

Lençóis brancos e macios. Emaranhado de tecido, um chá de ervas finas, um livro de sebo e muita solidão.
As palavras em simetria de severa nostalgia, olhos marejados de saudade, mãos frias de inverno, corpo ondulado por magnetismo erótico, caminhava em linhas tortas e escuras. Saltava de pouso em pouso, sua mente devaneava em busca de seus olhos.
Virou a página e o enredo era o mesmo, falta uma meia em seus pés para aquecê-los, levantou-se colocou o chá sobre a cômoda, abriu a gaveta, apanhou o par de meias e calçou-a. Voltou à mesma posição, mas uma página.
Cerrou os olhos e viajou em curvas arrepiadas de seu corpo, molestou-se com um toque sutil, seus olhos a olharem fixamente para aqueles olhos profundos que fogem em tímida euforia de mim, posicionou as mãos em sua cintura e sugou todo o seu ar. Respirou profundamente, escorregou suas mãos mais abaixo e em movimentos leves se contorceu em arrepios.
As páginas amareladas de palavras em frágil dramaturgia foram se distanciando sem poderem ser lidas, escorregou por entre seus dedos, repousando sobre seu diafragma. Em movimentação constante as paginas se inflavam cada vez mais, em um leve balançar musicado por movimentos corporais solitários e frios.
Cada vez, mas o olhar se aproximava carregado de euforia, entusiasmo e saudade. Em cada parede a umidade de um ar poluído por você, a cada movimento a sensação de um desejo nostálgico, a cada respiração a distancia de ti. Os lençóis dançavam, moviam-se como véus em suposta ventania, a cômoda parecia se movimentar, bailar, um estrondo de pulsação, calor, umidade, frenesi, tesão...
Teus olhos se distanciam, o calor permanece em úmido entusiasmo, respiração, saudade, apenas lembrança.
Abro os olhos e percebo que derrubei o chá quente em minha cama.




quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ritmo Quente

Suave como vinho de grande safra, teus olhos hão de me olhar!
Corpo quente a mexer, movendo-se em formas torneadas por uma magia indecifrável, um envoltório de luz lá estava com aquele movimento corporal que contava toda a sua história, todas as suas vontades, desejos, excitação, alegria e o mais impressionante suas tristezas. Como gostaria de passar meus dedos por entre seus cabelos, acolhe-lo em meus braços e dizer que tudo vai passar.
Olhava cada centímetro, cada detalhe de sua forma de exprimir e expressar. Mal podia calcular a distancia que estava de ti e desejando que me olhasse me visse, me chama-se para os nossos corpos se entregarem, se despojarem de tal movimento inebriante.
Fechei os olhos e ouvindo a música deixei meu corpo mexer, seguir seus instintos, arredondados, verticais, agachamentos, sensuais, divertidos, enlouquecedora sensação, podia sentir meu corpo saltar em vôo, parecia flutuar, imaginando teu corpo no meu, tuas mãos.
Arrepiada, suada, com os batimentos cardíacos a estourar em meu peito, abri meus olhos, em um estrondo as luzes se apagaram, as pessoas sumiram em tal breu, uma réstia de luz se fez em minha direção a minha esquerda seu corpo se movia sendo iluminado como o meu, deslizava suas mãos por entre suas curvas e movimentos, fiquei estática a olhar cada movimento, foi se aproximando meu corpo tremulo, olhava de um lado pro outro e a aproximação era fugaz, minhas mãos suavam. Sorriu suavemente, esticou uma das mãos e a outra já estava em minha cintura, encostou seu peito ao meu escorregou levemente, me contornou, me abraçou por trás e se movimentos swingadamente.
A cada movimento meu frenesi aumentava, conseguia acompanhar cada movimento, cada rompimento corporal, que sensação maravilhosa, não queria fechar os olhos para não perder nenhum segundo, olhava em seus olhos de tão pertinho. Olhos que pareciam me devorar, tão intenso... Quero te olhar e não parar mais olhe para mim e me sinta.
Movi minhas mãos por suas costas, músculos torneados, fortes, a canção foi se acalmando ficando mais lenta, seus olhos dentro dos meus, suas mãos me acariciavam, teu corpo no meu, deslizamos por entre os nossos corpos, subiu meu vestido intensamente, abriu sua cinta, entrelacei minhas pernas em teu corpo, abruptamente puxou meus seios pelo decote, entre abriu os lábios devorando-me, puxa-me contra seu corpo pela cintura, mistura de suor, sentimento profundo, intenso, beijava, exprime, apertava, penetrava, esfregava, arrepios, frio, calor, muito quente quase pegando fogo cheguei ao meu ápice.
Estava totalmente despida, satisfeita, em êxtase, abri os olhos e as pessoas me olhando. Sorri, apanhei minhas peças do chão e sai pela multidão.





domingo, 1 de maio de 2011

Sacrifício

Muita areia voando pelos ares, selvageria no caminhar, sons fortes, dores por todo o corpo, suor e sol a pino. Foice, machado, correntes, couro e pele.
Arrastava um peso coberto por um saco de estopa por entre a areia quente, suava como um "porco" no deserto, força brutal, enrijecimento muscular, caminhava como se não carregasse absolutamente nada, simplesmente partia em caminhada em um envoltório de poeira.
Sons cavalares, parou de fronte a um portão de madeira de infinita grandeza, as abas se abriram e continuou arrastando tal pacote, subiu as escadas sacolejando o pressuposto.
Entrou em uma sala iluminada por tochas pegando fogo, pessoas dançavam, como em uma comemoração. Muito ouro, roupas lindas e límpidas. Mulheres charmosas e cobertas por imensa urdimentação. Ao longe uma cadeira maciça aveludada, um Sr. de barba por fazer, forte, com sandálias de couro, figurino um tanto quanto persa, esquivando sobre a imensa poltrona. Duas lindas mulheres o cercavam, suavemente ele acariciava seus seios e beijava seus lábios.
Muita fartura cercava aquele local, risada, dança, bebida, homens e mulheres se misturavam em um jogo de sensualidade corporal excessiva.
O Selvagem se aproximou desfilando com o pacote que arrastara por longo caminho, parou e colocou o pacote em uma mesa marmorizada, coberta por um pano branco. Em seu pescoço bizarro objeto.
O homem de barba por fazer se levantou, olhou fixamente para o selvagem ele baixou a cabeça, se ajoelhou e o tal Senhor foi até o embrulho. Começou a desatar os nos que estavam feitos em uma corda, a cada nó desatado as pessoas presentes se beijam, outras burlescamente eram penetradas por um êxtase, um clímax. Desenrolou toda a corda abriu o saco, um vassalo se aproximou com uma botija d'água onde o homem lavou suas mãos, cuidadosamente e com muita calma. Foi passada a ele uma faca, parecia ser de cozinha, fez um corte em seu braço, naquele momento tudo silenciou. Despejou gota a gota sobre o embrulho e gritou.
Todos berravam insanamente, pareciam ter sido possuídos por algo, gemiam, gritavam. Muitos iam ao chão lambiam o solo em frenesi.
O momento estava mais próximo, o saco foi todo removido, o Senhor de barba por fazer percorria sua língua por aqueles desejos humanos.
Um ser humano retalhado, totalmente servido aos demais como carne em açougue, os presente em fúria correram em direção aos retalhos e se alimentaram daquela vítima, daqueles restos fedentinos da carne, mastigavam com gosto, se beijavam, dançavam e brutalmente famintos comiam os desejos ali prostrados.
O Selvagem se aproximou daquela pocilga e as mulheres o serviram com seus seios, em violenta penetração sobre os dejetos. O pênis da vítima havia sido cortado e pendurado em seu pescoço como colar, mera bijuteria.



sábado, 30 de abril de 2011

Ganhei esse selinho de Lúxuria http://www.luxuriaesubversoes.blogspot.com/

Sái URUCA, vamos na corrente, Sorte!

Sái pra lá OLHO GORDO!rsrs


Bom aí vai algumas indicações, isto é uma meta em amigos....

http://www.hannaellmendes.blogspot.com/ e http://www.noblogmean.blogspot.com/

Vamos na corrente!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tempo



Canadá, 1970 ao som de Janis Joplin.
Copo de whisky, mesa de centro, pano branco, cigarros e penumbra.
Poeira rompendo a fresca de luz que se faz através da janela, gotículas de água escorrendo pelo vidro manchado por suas digitais, marcadas intensamente em meu vidro transparente.
Deito-me lentamente em meu sofá floral desbotado por suas cores, mesa de centro, um respiro, pano branco, fechar de olhos forçados, zonzeira, viagem, relaxar.
Vento, som intermitente de gotas, visão turva, fumaça, som hipnotizante.
Levanto-me encosto minha cabeça em minha transparência e procuro minhas digitais nas tuas...
Olhe-me, decifre-me, se alimente Summer time.
Olhe para mim, não, não, não chore. Só tenha uma Boa noite.
Olhos vermelhos, mesa de centro, whisky, pano branco, respiro, movimentos lentos, suador gelado, cabeça peada, dormência, reencostar, leve, frio, som perturbador em meus ouvidos, frieza, risos.
Canadá, 1980 ao som de Janis Joplin.
Copo de Whisky, mesa de centro, pano branco, cigarros e penumbra.
Muita Chuva em meus estilhaços de vidro transparente, suas digitais se foram junto a meu sofá floral desbotado pelas suas cores, paredes vazias, meu escarro de verão se fora é tempo de uma boa noite e muito choro.

Procenio



Frio na barriga, sensação de perda, vontade de gritar e silenciar aflitamente. Mãos suadas, voz tremula, sopro de vida, mente vazia, suavidade dos olhos e o som de sua voz cada vez mais distante.
Ao longe um fio de luz, claridade excessiva que me incomoda, me ludibria, me encanta. Iluminado meus passos e os teus.
Conhaque para aquecer a alma, véu de seda, joelhos prostrados, intenso fervor, olhar levemente cerrados, mãos unidas.
Fronha com sangue, lençóis vermelhos de raiva e um leve sussurrar de prece.
Abajur, luz amarelada, cheiro úmido enferrujado, assoalho de madeira, som macabro e medo.
Choro alto e contínuo, respiração acelerada, prece, respiro, suspiro, prece, prece, prece, cansaço, fadiga, suor, sangue.
Caminhar cansado, frio, pés que tocam o chão em mórbido caminhar. Furacão inebriado de rancor, ódio, raiva, perda, desamor.
Pausa dramática, suspiro profundo, olhar distante, febre interna, distancia, solidão, quarto vazio, olhar suspenso à frente, leve torcer de face e saída de cena.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Desafio proposto pela querida Wrong Girl - http://luxuriaesubversoes.blogspot.com/


Ao Desafio:

1) Quantas perguntas pode responder inteligentemente?


Tirando essa? Muitas...

2) Uma dúvida

Dúvida. Procuro não te-las vou logo ao encontro de respostas.

3) Uma certeza

De que sou eu mesma, sempre.

4) Uma cor

Laranja

5) Um desejo

São muitos.

6) Uma virtude

Sinceridade

7) Uma frase

"Sou tão misteriosa que não me entendo." Clarice Lispector

8) Um sonho
Mudar algumas coisas tristes de minha vida, viver os 100% feliz.
9) Um defeito
Sinceridade
10) Como este questionário é dirigido para pessoas que escrevem, que significado tem para vc uma resposta em branco?

Silêncio na alma.

11) Escreve por necessidade ou por aflição?

Escrevo, apenas escrevo, crio personagens, protagonistas, da minha, da sua, da nossa história. Decifrar.

12) Coloca música no seu blog?

Não

13) É uma pessoa sentimental?

Sim. Muito. Procuro ver emoção em tudo.

14) Se desejasse ter um único sentimento, qual seria?

Amor

15) Uma pergunta

Por que?

16) Se desejasse algo, o que pediria?

Viver do que faço, plantar e colher frutos sempre.

17) Quando escreve, o que sente?

Que posso criar histórias, contar segredos e confidenciar meus intimos segredos. Escrevo por escrever.

18) É religioso?

Não.

19) Se não for religioso, em que crê?

Em Deus.

20) O que espera da vida?

Vida.

21) Que significado tem pra vc o amor?

Amizade, cumplicidade, reciprocidade, solidariedade, mas tem que ter paixão que nos impulsiona a viver intensamente. Vibrar e não cair na rotina.

22) Como se considera como pessoa?

Equilibrada

23) Tem um blog por quê?

Partilhar de meur segredos e aflições.
24) Crê que é uma pessoa que reconhece o seu valor?

Sim. Sempre.

25) O que espera do amor?

Amor.
26) E a última pergunta: o que pediria da vida?

Ser o que sou sempre e poder contribuír pelo pouco que sou.
 
Bom é isso.
 
Obrigada pelo convite. Bjao
 
Proponho o desavio ao Renan http://noblogmean.blogspot.com/ e Hannaell http://hannaellmendes.blogspot.com/
 
Eu sou um pouquinho disso tudo misturado.

domingo, 10 de abril de 2011

Camara Secreta

Muitas luzes acima de mim, um clarão uma voz de fundo me dizia algo, entrei em outra sala toda branca, toda estranha, me sentei atrás de mim havia um relógio, que batia compulsivamente os segundos, eu podia sentir o caminhar dos ponteiros dentro de mim.
Sentia-me observada, ao lado direito uma estante, cheia de livros, compridos, finos, vermelho, azuis, enciclopédias, uma revista chamada ciência me chamou a atenção. Ela destoava do local, era colorida, tinha cores azuis e vermelhas. Na capa estava escrito HUMANIDADE.
Passei a observar cada centímetro daquela sala absurdamente clara, branca, apática...
Ao fundo uma mesa, também branca, com alguns papéis sobre, uma caneta dourada de um brilho intenso, parada, inerte, um tapete brando, peludo, parecia ser macio.
Ao lado uma luminária com uma lâmpada absurdamente clara, mal conseguia observar os contornos do abajur.
Um vaso, grande, com uma planta de plástico, parecia uma palmeira.
A porta se abriu entrou uma moça de branco, se encaminhou até a mesa, deixou alguns papéis e saiu. Bateu fortemente a porta. A persiana atrás de mim balançou, tudo naquele lugar parecia-me que a qualquer momento podia falar se mover, não sei.
A sensação era de fuga, queria sumir dali, buscará violentamente me concentrar não olhar em sua íris, sapato marrom, com cadarço marrom, não se movia, nem esboçara reação de dedos espremidos de tensão, onde o peito do pé é projetado para cima e faz com que o sapato se mova como a fricção dos pés. Nada, nada, um silencio enlouquecedor. Mórbido.
O relógio continuará caminhando, as minhas mãos suavam friamente,meus pés saltitavam, tentava entender aquilo como algo que não estava acontecendo.
Ao fundo fui surpreendida por uma voz grave, que me disse:
A sessão acabou, continuamos amanhã.



terça-feira, 5 de abril de 2011

Sexualidade

Perguntei a ele se havia beijado outra mulher antes, ele engoliu seco e sem pestanejar me respondeu
__  Sim.
Naquele momento tive a sensação de que todas as coisas da vida viriam a desmoronar como pedras em minha cabeça. Será que o passível da adolescência começara?
Olhei ao meu redor em quanto ele falava, sem ouvir se quer uma palavra. Observava os andantes, passantes a minha volta, me perguntava se houvera na vida deles tal constrangimento.
__  Ei, você está me ouvindo?
Sim, sim continue. Havia uma menina parada no ponto de ônibus, conversando com um rapaz, rindo trocando olhares, tocando em seu tórax, se posando com a sexualidade aflorada, talvez naquele momento o garoto que estava ali de fronte a ela, deixaria de ter a parte flácida do corpo em parte rígida, brutal e voraz que ele jamais havia sentido.
__ Adoro olhar as pessoas? Sabia?
Não. Não sabia.
A mulher ao lado daquele casal parecia que já tinha filhos e era casada. Tinha uma cara seria amarrada, parecia carregar nos ombros o peso de todo o mundo, parecia ser responsável, usada uma tailleur preto, com uma blusa de botões até o pescoço, uma pasta na mão direita.
Olhava incansavelmente a tudo e a todos que estavam por ali, e ele continuará a falar algo que nem mesmo ele sabia o que era.
___ Você quer mudar de lugar?
Não.
Tornará-me uma pessoa monossilábica, sim, não, talvez, ele era bonito, tinha olhos amendoados, pele morena, rosto masculino com uma leve reta em seu queixo, lábios carnudos, pele macia, mãos carinhosas, cabelos castanhos, um estilo alternativo.
Sabia impressionar uma garota e eu cheia de crises, por que havia dado o primeiro beijo com ele! Será que um dia dois desconhecidos do despertar da sexualidade se beijaram?
__ Você já reparou nessa fonte?
Sim.
Era uma fonte imensa, parecia uma obra de arte, esculturas caucásias antigas, na fonte havia uma mulher e um homem nus, parecia que estavam ali rindo e se divertindo com o triste caminhar da humanidade.
__ Eles estão nus, você viu?
Claro.
Naquele momento percebi que poderia, mostrar a ele que era uma pessoa interessante, talvez excêntrica, não sei. Pedi que ele ficasse em silencio e me observasse.
Tirei meu tênis, dobrei a barra de minha calça, me adentrei na fonte, olhei firmemente nos olhos da estatua e matei minha sede, bebi a água que jorrava de seus lábios, percebi que um bocado de entusiasmo me rodara, intensamente tomei cada gole que escorria de seus lábios.
Olhei para o lado todos estavam a minha volta, observando o que eu estava fazendo. Com timidez, baixei a cabeça, sai da fonte, olhei para os olhos amendoados dele e disse; Eu também já beijei uma mulher.


(Baseado no conto de Clarice Lispector - O Primeiro Beijo)


Cárcere

Hoje acordei com a sensação de que durante a noite havia sido mutilada. Apedrejada e que algo, ou alguma coisa estava remotamente presa.
Meus pés estavam estranhos, modificados, parecia ter ocorrido uma troca de pele. Não sei ao certo, mas, meu corpo reagiu de uma forma estranha, incoerente ao que era antes.
Olhei ao meu redor e tudo parecia diferente, estranho, escuro, sombrio, penumbra amarelada, a sensação que eu tinha era de ter voltado no tempo, onde os televisores nem possuíam controles remoto, nem ao menos cores, os personagens eram, verdes, amarelos ou vermelhos.
Época totalmente remota que nem eu vivi, parecia tudo envelhecido, outra vida.
Percorri os cômodos como se outrora nunca havia feito, mal conheci a mobília, as roupas também amarelada.
Os animais eram esquisitos, sombrios parecia que havia alguma cólera, rondando o ambiente. O céu numa massa de ar rocheado, parecia que as nuvens queriam dizer algo, não sei parecia que a qualquer momento elas iriam berrar...
Sentei na beira de minha cama, perplexa, observava e não definia o que ocorria.
A janela era um vitrô pequeno com vidros empoeirados, mal dava pra ver a claridade que adentrava.
A parede era de cor escura, monótona, parecia estar em um matadouro, ou algo como uma casa de quinbanda, o chão era vermelho e parecia ter restos de velas, toco de parafina derretido.
Sentia um frio na alma, "eu" não existia, parecia estar em um baile de carnaval mascarada.
Levantei-me caminhei até o banheiro, lavei minhas mãos pra ver se extermina o resquício estranho que havia em meu corpo, com um cheiro empoeirado. Levantei minha cabeça e olhei para o espelho.
Minha imagem era projetada atrás de mim, havia outra pessoa, "eu" atrás de "eu"? Olhei rapidamente para trás e nada, não vi nada. Olhei novamente no espelho e "eu" sendo projetada, havia um envoltório de ferro me cercando, parecia grades, "eu" presa em "eu" mesma?

sábado, 2 de abril de 2011

Cataléptico

Os sons das correntes não saem de minha memória.
Caminhavam por aquelas ruas estreitas, cheias, símbolos, paralelepípedos antigos, terra muita terra.
O cheiro de flor me intoxicava me deixava em frenesi.
Pessoas chorando, desespero, afetividade, afeição, monotonia, silencio.
Só barulho das correntes no ferro saltitava de um lado para o outro em um som ensurdecedor.
Entre os gemidos, as soluções... Abriu se uma portinhola pequena de luz... Meus olhos pareciam não querer abrir, um pingo d'água caiu sobre minha face, senti escorrer pelos meus lábios.
Findou-se a luz e de volta os soluços.
Alguém cantou uma canção, eu escutava ao longe, bem distante.
Escutei um som de terra, de pá cavando a terra, não sabia ao certo o que era...
Outro som de terra, mais um, mais, mais, parecia não se findar...
Novamente o desespero, gritos e gemidos.
As correntes voltaram a soar...
Escutava sons abafados, comecei a ficar fria, gelada, parecia que meu corpo se petrificara.
Não havia possibilidade de respirar, estava sufocada, com a boca seca, fria e rígida.
Minhas pernas estavam geladas e secas. Meus pés, eu não os sentia.
Abri os olhos e uma escuridão, estava fechada em uma caixa, não ouve, mas som, nada.
Tentei me mover, desesperada e achei um buque de flores.


Lacuna

Sentei em um banco, numa praça e te esperei, te esperei por horas... Ali sentada o tempo parecia não passar, a esperança subjetiva do teu olhar me deixava à espreita.


O vendaval de folhas secas sobrevoava o céu, parecia até outono.


A cada som produzido meu coração gelava... A todo tempo ouvia teus passos.


Minha memória primária estava em busca do teu cheiro, passava a vasculhar as lembranças para lhe ver.


A ansiedade me cercava, num certame de esfera extrema.


Olhava teus olhos, como se fosse à última vez que pudesse decifrá-los, olhos negros profundos de noite enluarada.


As suas mãos entrelaçadas a minha, paradoxalmente me mantinha anestesiada.


Melanina UV, misturada ao cheiro do meu cigarro, fios grossos de cordas instrumentais.


Pele fina, sensação de seda. Maciez perfumada, que se perde em minhas mãos pequenas e secas.


Por um momento você estaria ali, na minha frente fazendo juras de amor e de excitação. Olhando em meus olhos e eu nos teus...


Parecia atraidamente feito imã meu corpo do seu, como se encaixassem numa só nota ou acorde.


Nesse momento a emoção se torna choro...


E você, você realmente apareceu, não era sonho...


Mas, um dia ainda pode ser...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Um dia de Maria!


Qualquer Semelhança é mera coencidencia!

Ouvi uma frase hoje que me deixou intrigada. A frase era: Existe Sempre uma Mulher dentro de cada Homem e um Homem dentro de cada Mulher.

Parei para refletir que essa frase é um tanto verdadeira, se pararmos pra raciocinar as mulher são sedutoras, amigas, companheiras, incompreensivas, incompreendidas, forte, sexy, inteligente, teimosa, cabeça dura, individualista, invejosa, amorosa enfim há muitas qualidades e defeitos.
Assim posso dizer que cada homem possuiu invejáveis qualidades como as de cima será?
Bom, acredito que sim.
Basta saber em que sentido a frase é empregada.
Bom no sentido físico, o homem é vaidoso, assim como as mulheres. Também as mulheres são relaxadas, fato que alguns homens também.
Mulheres geralmente adoram músculos, nos homens. Assim como alguns homens adoram músculos em mulheres.
O fato é que a mente humana é algo indiscutível, tudo muito abstrato e momentâneo.
Seria machismo se dissesse que o homem vê as mulheres como eles se vêem e as mulheres como desejaria que fosse?
Pois, presta bem atenção quando terminamos um relacionamento e vemos a pessoa que nos relacionamos com outra, dizemos: Ela (e) nem é tão bonito assim! Não acredito que fui trocada (o) por isso!Num é assim?
Quando se trata de ego ferido as coisas mudam de figura, certo?
Os homens não são a mesma coisa? Pô, cara essa ai é bem melhor que a outra. O cara praticamente queria estar no lugar do amigo.
Ou então, quando ambos terminam numa boa a gente diz: Ah, num fala assim ele(a) é uma boa pessoa, eu acho ele(a) bonito.
Pois é, então acredito que a frase de cima é verdadeira sim, não pelo simples fato de algo físico e reprodutor. Por que nesse caso qualquer semelhança estapafúrdia e mera coincidência.


Vamos entender então que tirando a condição física o homem e a mulher pensam iguais?